terça-feira, 27 de agosto de 2019

E AGORA JOSÉ?

Na última quinta-feira peguei o resultado da biópsia do material retirado na cirurgia. Confesso que fiquei assustada e chorei. Estava mais confiante quanto ao resultado e não foi bem o que eu esperava. Precisei de algumas horas perdida em pensamentos para reorganizar as ideias e levantar de novo.

Bom, como já comentei numa postagem anterior, fiz a mastectomia radical. Na mastectomia radical retira-se toda a mama (incluindo pele e mamilo), o músculo peitoral e os linfonodos axilares.

Eu já sabia e também já havia comentado que, os exames clínicos indicavam que a quimioterapia não tinha funcionado como o esperado. Pois bem, ao abrir o exame estava lá, em letras maiúsculas:
- RESPOSTA À QUIMIOTERAPIA NEO-ADJUVANTE:
* MAMA: AUSENTE
* LINFONODOS: METÁSTASES SEM SINAL DE RESPOSTA AO TRATAMENTO

Que balde de gelo meus amigos! Afinal, não funcionar como o esperado é uma coisa, resposta ausente é outra!

Continuando...

Notícia boa: invasão muscular ausente!

Notícia não boa: invasão linfovascular presente. Dos 21 linfonodos retirados, 9 estavam comprometidos e apresentavam macrometástase (sem extravasamento capsular).  

Resultado da consulta com o onco: vamos começar a terceira quimioterapia, como previsto. Essa quimio vai ser oral, com um medicamento chamado capecitabina. 

Ele sugeriu fazer imunoterapia, mas é bem provável que eu não faça devido ao alto custo e não estar disponível no SUS.

Estou estudando fazer o uso da fosfoetanolamina, aquelas pílulas que foram chamadas "pílulas do câncer" que foram desenvolvidas na USC. Tenho lido e assistido muitos vídeos a respeito, como disse, ainda estou estudando essa possibilidade. A comercialização é proibida no Brasil, mas pode ser importada como suplemento alimentar dos EUA.

Mas vamos que vamos, lutando bravamente até o fim, seja ele qual for.

Deus é bom o tempo todo (e tem caminhado ao meu lado nessa luta).


terça-feira, 13 de agosto de 2019

A CIRURGIA

Ao longo do tratamento o plano de cirurgia foi mudando, tudo dependia de como meu corpo ia reagir à quimioterapia. Quando descobri o câncer, tinha um tumor de 3 cm na mama esquerda e dois de 2 cm na axila esquerda. No início, se tudo desse certo, faria uma pequena cirurgia, tirando apenas um quadrante do seio esquerdo.

Após a quimioterapia vermelha, com doxorrubicina, os resultados foram bons. Os tumores da axila sumiram e o da mama diminuiu pela metade. O oncologista esperava que o da mama tivesse desaparecido também, mas fomos em frente. Confiantes.

Após a quimioterapia branca, com taxol e carboplatina, os resultados foram bem ruins. O tumor da mama tinha voltado ao tamanho inicial, um pouco da pele da mama e o mamilo haviam sido comprometidos e havia a ameaça do retorno da metástase na axila. Então, os planos de cirurgia mudaram um pouco. Na cirurgia eu tiraria a mama, o pedaço de pele comprometido e o mamilo. Mas já faria a cirurgia de reconstrução na mesma hora. Confesso que foi difícil ouvir isso, mas a parte da reconstrução me animou.

Hora de fazer os exames pré operatórios e marcar a cirurgia... Exames feitos e tudo ok! Hora do retorno à mastologista cirurgiã. Como disse, os exame pré cirúrgicos estavam ótimos, mas o exame clínico mudava novamente o plano de cirurgia. A médica, Dra Keyla, foi muito carinhosa ao me informar a mudança de planos. Foi tão cuidadosa que não caiu como uma bomba na minha cabeça. O que caiu como uma bomba em cima da minha ansiedade foi ela me entregar os papéis para internação dizendo que a data estava em branco,  não havia uma data próxima disponível e ela tentaria me encaixar na data mais próxima que ela conseguisse.

Fui pra casa em desespero. Todos os médicos disseram que eu não poderia esperar mais que duas semanas para fazer a cirurgia e não tinha data próxima para me operar? Na hora eu pensei: esse negócio vai me matar!

Passado o susto e os pensamentos negativos. Levantei firme e forte novamente. Me concentrei em curtir minha família e meus amigos enquanto esperava. Até que na sexta-feira, dia 2 de agosto, a notícia chegou pelo WhatsApp. Minha cirurgia estava marcada para terça-feira, dia 6. Ufa! Que alívio!

Foram 5 horas e 20 minutos no bloco cirúrgico. Retirei a mama esquerda inteira, com pele e tudo, e fiz esvaziamento axilar. São mais ou menos 25 cm de cicatriz que, por hora, não está nem um pouco bonita. Quero dizer, a cicatrização está boa, melhor que o esperado. Esteticamente está bem feio. Não tenho muito movimento no braço, mas se passou apenas uma semana. Com exercícios, deve melhorar. Fiquei sete dias com o dreno, tirei ontem. E as coisas vão melhorando e logo tudo ficará bem.

Como não pude colocar a prótese, por falta de pele, coloquei um expansor de tecido que será insulflado de 15 em 15 dias até que tenha pele o suficiente para fazer a reconstrução. Espero que isso aconteça logo (ah essa minha ansiedade rsrs).

No mais, não tenho dor e estou sendo super mimada na casa da minha mãe. Espero que essa parte dure bastante!

Ainda estamos aguardando o resultado da nova biópsia para sabermos se houve alguma mudança e a respeito da metástase. Estou confiante de que tudo dará certo.

Deus é bom o tempo todo.


AMIGOS + FAMÍLIA + FÉ

Quando se recebe um diagnóstico de câncer, muitas coisas passam pela cabeça. Um turbilhão de pensamentos ruins aparecem de supetão no primeiro momento. Você logo pensa: vou morrer! Comigo foi assim. O primeiro impacto da notícia na família e entre os amigos também trás uma sensação ruim no início, todos ficam muito assustados e cheios de dúvidas. Com o tempo vamos entendendo melhor a doença e o coração vai se enchendo de esperança.

Digo com toda certeza que a fé, a esperança e o pensamento positivo fazem toda a diferença durante todo esse processo. Claro que existem as recaídas e, às vezes, o pensamento do pior volta a assombrar as noites. Cada espera por resultado de exame é exaustivo e os dias e horas não passam. Manter a fé é o bom humor fazem os dias mais fáceis.

Outra coisa que dá um super força e um up na esperança de dias melhores são as demonstrações de carinho de familiares e amigos. Graças a Deus, isso tem sido constante em todo o meu tratamento. São palavras de carinho, demonstrações de afeto, muitas orações e muita energia boa. Agradeço a Deus todos os dias por ter tanto amor e carinho ao meu redor.

Diante das dificuldades financeiras que vieram, muitos se levantaram para ajudar de diferentes formas. Teve vakinha, teve poker, teve bazar, teve venda de churrasquinho, teve rifa, teve show..., mas acima de tudo teve amor, carinho e respeito. 

Eu tive amigos e familiares em todas as minhas consultas, em todas as sessões de quimio, em todas as vezes que abri o bazar. Eu não tenho como citar o nome de todos aqui, foram muitos e tenho muito medo de esquecer algum nome (sim, minha cabeça continua ruim).

Que Deus abençoe cada amigo e cada familiar e cada um que nem me conhece pessoalmente e me ajudou. Eu sou extremamente grata a cada um.

Existe amor no mundo. Existe sororidade. Existe solidariedade. 

Juntos somos mais fortes! Deus é bom o tempo todo.